sexta-feira, janeiro 29, 2010

Coisinhas Pequenas Que Deixam A Gente Feliz...

Passarinhos na janela...



Pijama de flanela...


Brigadeiro na panela...


Dormir até tarde em dia frio...


Cheirinho de mato molhado...



Pão quentinho de manhã...


Drops de hortelã...


Pisar em tapete persa...


Vaga-lume aceso na mão...


Dia quente de verão na praia...


Descer pelo corrimão...


Receber uma ligação inesperada...


Eu te amo e vice-versa...


Rir até chorar...


Barulho de chuva na janela do quarto...


Banho de chuva...


Massagem de alguém que a gente gosta...


Ler um livro gostoso...


Receber um abraço apertado...


Ver o sol se por...


Ouvir uma música animada...


Sorvete no calor...

terça-feira, janeiro 26, 2010

Uma poesia antiga

Às vezes eu tento entender
Por que o errado me atrai tanto.
Fico tentando esquecer
O seu gosto, que insiste ficar grudado em minha mente
Você está na minha pele
Está sempre junto de mim
Eu sinto sempre aquela alegria boba
Que só quem tem o brilho nos olhos consegue vivenciar
Eu tenho um pedido perdido,
Um caminho mudado,
Uma terra sem chão.
Eu sei do perigo que corro,
E mesmo assim sigo em frente,
Sem medo, já entregue,
E que seja o que o Erro quiser.
Eu tenho uma saudade guardada e
Uma alma que vaga por aí.
Eu consigo, com o olhar dos deuses,
Me esconder no Divino, para me consagrar no Profano
Eu vejo o som do silêncio
E convido uma lágrima a me visitar.
A única coisa que dói mais que sua ausência
É a sua hesitação.
Para que dizemos não,
Se o sim está estampado em nossas faces.
Sou o verso imperfeito da poesia terminada.
Sou a música triste que toca no rádio.
Sou o pecado que vai te perseguir
Apenas por meio segundo
Antes de virar lembrança
Após virar hipótese
Indo e voltando,
Ilha vazia,
Inútil guerra,
Branca, alva como a luz,
Buscando dizer sempre a bobagem,
Brincadeira que sempre quer escutar.
Aqui onde a Luz e as Trevas se encaram,
Adianto o resultado,
Adivinho o ajuste.
E fujo para sempre do nosso
Pseudo-Nós.

*Janeiro/2009

Sobre uma reportagem de jornal

Ontem mesmo, enquanto tomava, preguiçosamente, meu café da manhã, e lia meu jornal, me fixei, distraído, numa notícia de que um homem havia perdido a vida. Não havia sido um crime comum, era assassinato. A sangue frio, crime horrendo, muita gente importante envolvida. A princípio poderia até ser algo normal, corriqueiro; pessoas vivem, pessoas morrem, naturalmente, acidentalmente ou criminosamente. Mas morrem. Isso pode até ser um choque, porém encaremos a realidade: um dia todos iremos morrer. Quando, como, onde, por quê, não nos cabe julgar. Apenas aceitar.
A morte é inevitável e vem disfarçada do que for para te pegar. Pode vir como uma dona de casa inocente, com carinha de anjo e alma de diabo, ou então como uma esposa de um empresário rico, de posse e classe alta.
Ela não escolhe lugar; você pode morrer no aconchego do seu lar, na sua cama, "num sono de passarinho", como diziam meus avós, e você também pode morrer como morreu esse senhor, desntro de seu carro de luxo, próximo a uma lagoa qualquer.
Foi-se o tempo em que minha mãe dizia:
-Lugar seguro mesmo é dentro de casa.
Hoje, como prova o caso do falecido da notícia de jornal, vemos que a morte pode morar sob o nosso teto. Podemos até estar alimentando a morte, vejam lá...
Pensemos também: por quem poderíamos ser encontrados? Bem, isso dependeria de diversos fatores. Poderíamos ser encontrados mortos por nossos parentes, que vendo que não nos levantávamos para trabalhar, viriam taxar-nos de preguiçosos; ou então, como ocorreu ao distinto senhor, por um vigia de construção que passava pelo local; ou ainda, nem seríamos encontrados. Apodreceríamos, e depois de muito tempo alguém reclamaria à prefeitura que o cheiro dentro da casa de fulano de tal é insuportável, e que uma atitute deve ser tomada.
Há uma pergunta em minha mente que não quer calar: por que essa senhora matou seu esposo? Diz o jornal que foi dinheiro, foi medo de perder o status, medo de ser menos do que é. Mas penso em quantas pessoas fazem isso, matar, por bem menos que dinheiro.
É, afinal, ele era apenas mais um homem. Não há motivos para se fazer muito estardalhaço. Muitos morrem por muito menos e nem ao menos são lembrados. Talvez os filhos deste senhor tenham chorado sua morte. Talvez, mesmo que falsamente, sua esposa também tenha chorado. Talvez seus amigos, colegas, parentes e, por que não, funcionários tenham chorado a sua morte. Também choro, mas não apenas por causa desse homem que morreu. Choro também pelos milhares que morreram e não tinham dinheiro suficiente para comprar uma página de jornal.
E o que me resta fazer? Terminar meu café pois, apesar de desejá-la intensamente, minha hora de morrer ainda não chegou, e tenho que trabalhar para me sustentar. E que vertam através destas palavras as minhas lágrimas e condolências a todos os recém-mortos, os antigos mortos e, mesmo que não queiramos, os futuros mortos: nós.
Que o diga aquele pomposo falecido da notícia.

*trabalho de PRTLP - Mackenzie